Bad Ass Kitty #76
Idade: 25 anos // Ocupação: Estudante // Musica favorita: System Of A Down – Lonely Day // Curiosidade: O número da minha camisola é a soma das datas de aniversário dos meus pais e da minha.
Eu conheci o Roller Derby na série de tv CSI Miami e fiquei curiosa com a modalidade por ser um desporto de contacto entre mulheres em patins e com roupas interessantes, tipo badass mas com saias de tule rosa like a princess. Entretanto, descobri que o roller derby já tinha chegado a Portugal e que melhor ainda, se praticava na minha cidade. Faz 2 anos que pratico este desporto que adoro; para trás ficaram muitas outras modalidades praticadas em que não me enquadrava.
Com as Rocket Dolls e com o roller derby descobri o que é pertencer a uma verdadeira equipa, que se apoia mutuamente e não deixa que ninguém se vá abaixo e desista por muitos que sejam os obstáculos, ou seja, descobri não só um desporto como uma nova família — my derby family!
No início foi difícil reaprender a andar de patins. No primeiro treino nem de pé eu conseguia estar, mas com treino, dedicação e apoio dos treinadores e colegas hoje não só consigo patinar como luto em campo com as minhas companheiras de equipa. O meu nome de guerra é Bad’Ass Kitty porque gosto de gatos por eles serem fofinhos e queridos mas ao mesmo tempo são muito selvagens, astutos e perigosos. É isso que eu quero ser em pista: a gatinha que vira leoa para aniquilar as adversárias! Raaw
Uma das coisas boas do roller derby é que todas as raparigas/mulheres sejam elas: gordinhas, magrinhas, altas, baixas, são todas bem-vindas e todas elas podem praticar este desporto sem se sentirem excluídas e desenquadradas. Roller derby não discrimina ninguém pela sua forma e/ou orientação sexual; roller derby é girl power!

Speak-A-Boo #107.9
Idade: 34 // Ocupação: uma espécie de trabalho administrativo
Nunca pratiquei desporto. Sempre andei demasiado ocupada com outras coisas que já me cansavam o suficiente. Até aparecer o roller derby. Passou a fazer sentido e a ser incontestável que três noites por semana tenho de ir aos treinos. A gestão familiar não é fácil, o cansaço às vezes é mais que suficiente e de vez em quando lá vêm uns dias de demasiado trabalho ou há uma pequena lesão que me prende em ausências forçadas…
Mas, de alguma forma surpreendente, voltar a cada treino, reunião ou jogo e ir participando no planeamento das atividades da equipa, tornou-se vital, como se precisasse constantemente de um bocadinho de derby para prosseguir mais cheia, mais realizada como membro de uma equipa desportiva. O sentimento de inclusão no roller derby é justamente badalado. Mas muito disto é completamente novo para mim: a dinâmica de uma equipa e a forma como os membros se relacionam entre si, num espírito de colaboração que tanto se revela nas pequenas tarefas de preparação do início de cada treino como no grito de incentivo que ouves das colegas de equipa quando finalmente consegues usar aquela técnica que tentas aprender há semanas.
Depois de assistir a 2 jogos das Rocket Dolls sem ter percebido 3% do que se passou na pista, a minha aproximação à equipa chegou na forma de convite-desafio: as Dolls queriam tornar os jogos mais animados e, como conheci uma das skaters através da RUC (Rádio Universidade de Coimbra) propuseram-me ser “speaker” do jogo seguinte. A ideia era apresentar as jogadoras no início do confronto e dar ao público uma pequena explicação do que se iria passar na pista. O jogo aconteceria dentro de 3-4 semanas e a minha experiência em rádio poderia ser útil, mas, antes de responder, perguntei-me repetidas vezes se não seria mais importante perceber o jogo do que não temer um microfone. Aceitei. Afinal, por que não?
Comecei a acompanhar treinos, a fazer perguntas, a estudar videos de roller derby no YouTube e a 24 de abril de 2016 as Rocket Dolls tiveram o primeiro jogo com speaker. Pouco antes, num dos treinos preparatórios a que assisti, não resisti a calçar uns patins e devagarinho a aguentar-me em cima deles. Depois do jogo continuei a ir aos treinos e, devagarinho, a aprender a manter a “posição de derby” e a entender uma série de termos estranhos, desde movimentos e técnicas a faltas com nomes inesperados. Era a freshie da equipa e observava tudo com um deleite que já não sentia há muito, com vontade de patinar melhor, controlar o equilíbrio, a velocidade, a trajectória e de ir percebendo as muitas estratégias possíveis em pista.
Passados vários meses, continuo lentamente a aprender e a melhorar. Não me parece que esteja qualificada para jogar num futuro próximo, mas com a técnica de patinagem consolidada, muitos treinos e estudo, pretendo vir a contribuir sobretudo na arbitragem e nas inúmeras actividades de apoio à equipa também fora da pista. A minha evolução não é meteórica nem fantástica, mas o processo de aprendizagem e o espírito de comunhão têm-me prendido a esta equipa e, quem diria?, a um desporto de que não me vou afastar tão cedo.
